segunda-feira, 22 de março de 2010

Marketing Produto

Como nasce um tênis

Designer descreve a criação de um calçado inspirado em pontes suspensas

Época NEGÓCIOS

Um bom exemplo de que como a Nike desenvolve uma nova tecnologia é o sistema Flywire. Lançado em 2008, depois de sete anos de trabalho, ele é uma das principais novidades tecnológicas do mercado de calçados esportivos nos últimos anos.

A ideia surgiu da cabeça de Jay Meschter, designer e diretor do principal centro de inovação da Nike, a Cozinha da Inovação. Meschter afirma que uma das metas constantes dos seus designers é encontrar formas de fazer calçados cada vez mais leves e resistentes.

O problema é que normalmente a leveza é inimiga da resistência. “Os tênis são feitos mais ou menos da mesma forma há mais de cem anos”, diz ele. “Fundamentalmente, você pega o molde de um pé, cobre de tecido e costura. Para aumentar a resistência é preciso colocar camadas extras de tecido, o que torna o calçado mais pesado.”

A solução para esse dilema começou a surgir da observação de pontes suspensas, que utilizam cabos para dar solidez às suas estruturas. A suposição de Meschter é que o mesmo poderia ser feito em um calçado: fios, em vez de novas camadas de tecido, formariam a base de sustentação.

O insight criou entusiasmo dentro da Cozinha de Inovação e um grupo de pessoas foi destacado para ajudar. Mas os obstáculos não demoraram a aparecer, e o primeiro era qual material usar. “Foi um pesadelo achar o material, batemos em todas as portas da indústria de superfibras e ninguém tinha material que podia ser costurado”, conta Meschter.

As primeiras apostas recaíram sobre cabos utilizados na produção de helicópteros e pela indústria espacial, mas quando se descobriu que o custo por unidade seria de US$ 50 mil, o projeto foi temporariamente arquivado.

Os designers, no entanto, continuaram trabalhando em um problema paralelo: como costurar os fios. A costura semi-manual, que é parte do processo mais convencional, não se mostrou adequada, porque para o sistema funcionar seria preciso combinar pontos longos com pontos curtos.

O objetivo era que os microcabos funcionassem como tendões do pé e dessem apoio apenas às partes que sofrem pressão na hora que uma pessoa se movimenta. “Não sabíamos como fazer isso”, diz Meschter. “Mas começamos a experimentar com uma máquina de costura computadorizada que temos no laboratório.” O equipamento era utilizado, na verdade, para bordar e teve de ser modificado.

Depois de muitas tentativas, os designers conseguiram programar a máquina para costurar toda a estrutura do tênis em uma tela plana, que depois seria dobrada e colada ao solado. O achado significava que eles tinham conseguido ao mesmo tempo criar um protótipo e uma maneira de produzi-lo em massa. “Ficamos tão felizes da primeira vez que a gente corria pelos corredores gritando ‘funcionou, funcionou’”, relembra Meschter.

O sucesso convenceu os diretores de inovação da viabilidade do projeto e a busca por material foi desengavetada. O kevlar parecia ser a alternativa definitiva até se descobrir que ele perdia qualidade quando exposto ao sol. O pessoal da Nike finalmente encontrou a resposta num fio usado em missões espaciais, o Vectran, quase tão resistente quanto o carbono e, ainda assim, flexível.

Os primeiros protótipos foram testados pelo corredor Michael Johnson, ganhador de quatro medalhas de ouro olímpicas. Após sete anos de idas e vindas, os primeiros pares de tênis usando o sistema foram apresentados nas pistas de corrida da Olimpíada da China. Hoje, ele é usado em vários produtos, inclusive calçados de basquete.

A criatividade aliada a uma excelente estrutura de desenvolvimento de novos produtos e uma equipe de trabalho muito preocupada em conhecer os mais diversos tipos de materiais, que em um primeiro instante não atende a aplicação final do produto, mas com um pouco de persistência o resultado pode ser muito satisfatório, como neste case da Nike.

Fonte: Epoca Negócios

Abraços!

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